Ampliando lentes: inclusão de grupos vulneráveis na moda

Fotografia: Mark Adrine | Reprodução do Unsplash | 2018
Fotografia: Mark Adrine | Reprodução do Unsplash | 2018

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O mercado da moda se construiu como um espaço excludente e limitado, mesmo que todas as pessoas consumam o setor, em maior ou menor grau. O cenário de exclusão é frequentemente reforçado pela grande indústria, que dispõe de pouca intenção para transformar a estrutura, que permanece homogênea, restrita e tradicional.

Existe, no entanto, um movimento que questiona a falta de diversidade em termos de acesso, representação e tecnologias na indústria, e tem apresentado os inúmeros benefícios de investir em uma moda que lança luz à potência da pluralidade. 

A moda é uma fonte de expressão individual e coletiva, que percorre gerações e dita mudanças comportamentais, e, sendo assim, ela não poderia ocupar qualquer outro lugar que não o do respeito à rica diversidade cultural que cada pessoa carrega e manifesta. 

Esta nova narrativa surge, portanto, como uma plataforma de amplificação de saberes até então negligenciados por uma indústria que estabelece padrões alheios à maior parte da sociedade. 

Para reforçar a importância da Inclusão da Moda, uma pesquisa realizada pela McKinsey & Company (2018) apontou que empresas que têm um posicionamento ético e que são mais diversas, têm 33% mais chances de performarem melhor do que as organizações que possuem times pouco diversos. Além disso, os consumidores têm buscado, cada vez mais, por marcas que atendam suas particulares de forma genuína e responsável.

Se existem dados que comprovam a importância de ser inclusivo – sendo que o último apresentado é apenas um dos inúmeros disponíveis – e, ainda assim, há resistência quanto ao abandono de padrões que não permitem que a moda exerça sua autenticidade, a lógica por trás dessa estrutura é passível de ser questionada e provocada.

Inclusão na Moda:

Antes de falar sobre Inclusão na Moda, é importante relembrar que o tema não trata apenas da disponibilização de roupas em grades maiores nas araras das lojas. Claro, essa ação é, sem dúvidas, um dos caminhos possíveis para ampliar a voz de grupos marginalizados, que pouco possuem referências em uma das maiores indústrias do mundo, e dar a ele a oportunidade de viver uma vida digna livre de restrições.

Porque sim, a moda também é sobre a possibilidade de viver dignamente, já que ela representa grande parte de quem a gente é. 

Porém, o termo inclusão diz respeito a uma reestruturação muito mais profunda da lógica de operação do que é feito e do que se traz como referência. É, além de tudo, a oportunidade de ampliar as lentes para outros tipos de corpos, outras formas de criar, de produzir, distribuir e consumir. 

Isso significa incorporar à estrutura pessoas e bagagens que nunca tiveram acesso àquele espaço e criar com elas, e não para elas. A soma de ideias que surgem por meio de experiências compartilhadas endereçam demandas que não podem ser solucionadas por pessoas que vivem dentro de um mesmo contexto cultural, racial e socioeconômico, por exemplo.

Nesse sentido, a inclusão, além de valorizar e celebrar as inúmeras formas de pensar e fazer, ainda possibilita que as empresas tenham um alcance maior diante de uma sociedade mais exigente e atenta às suas próprias demandas: particulares, subjetivas e absolutamente relevantes. 

Representatividade na Moda:

O belo é uma construção consolidada e disseminada pela indústria da moda, que patina, ainda em 2023, em termos de execução de Inclusão & Diversidade. Esse conceito foi e continua sendo o principal obstáculo para que pessoas que fogem desse padrão ocupem espaços de tomada de decisão e representação.

Nos últimos anos, especialmente com o ativismo digital, diversas pessoas começaram a manifestar o descontentamento em relação à pressão exercida para se encaixarem em um conceito irreal e inalcançável de beleza. Essa ação escancarou que esse conceito não se sustenta, já que não representa grande parte das pessoas que consomem a indústria.

 

“Temos avanços consideráveis, mas ainda estamos exercendo um papel de ter nossa existência reconhecida no mundo. Na moda, por ser naturalmente um mercado mais excludente, esses avanços não são fáceis”, comentou Michele Simões, estilista e criadora do Meu Corpo é Real, em entrevista para a Vogue em 2021.

 

Nitidamente, mudanças aconteceram, o que não significa que sejam o suficiente para mudar uma estrutura enrijecida. Estampar uma capa de revista ainda é o mínimo que a moda pode fazer para dar espaço a outros corpos e trajetórias: “A simples ocupação desses espaços de privilégio por grupos historicamente invisibilizados não é suficiente para produzir mudanças estruturais”, escreveu Filipe Batista, na mesma entrevista.

Isso, obviamente, não desabona a tentativa de trazer esses grupos para representarem uma nova geração, que agora tem a oportunidade de se ver bonita, valorizada e estampada nas TVs e passarelas.

O caminho a ser percorrido continua longo, estreito e quase claustrofóbico, mas esse movimento representa o primeiro passo para desmistificar estereótipos, fortalecer a autoestima e construir novas narrativas para grupos que não puderam, por muito tempo, se identificar em diversos espaços sociais. 

O que o Instituto C&A tem feito para promover Inclusão na Moda:

Por meio de seus Programas de Inclusão Produtiva na Moda (Empreendedorismo e Empregabilidade), o Instituto C&A tem promovido uma série de ações que capacitam, apoiam e fortalecem pequenos e micro negócios e pessoas que querem ingressar no segmento.

Iniciativas como as plataformas Minha Carreira na Moda e Todes na Moda e os projetos De Férias com o Instituto C&A e Nosso Encontro são ótimos exemplos de como o pilar social da C&A tem atuado para construir novos futuros por meio da moda.

Com uma consolidada política de Inclusão & Diversidade, o Instituto C&A orienta suas iniciativas a recortes sociais, abordando aspectos de raça, gênero, orientação sexual e classe econômica, dando espaço e oferecendo ferramentas a novos criadores, estudantes e organizações da sociedade civil. 

Para conhecer mais, acompanhe o Instituto C&A no Instagram: @instituto_cea.

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