Como Empregabilidade se conecta com Moda Sustentável

Fotografia: Instituto C&A | Costureiras do projeto Capacita 40+ visitam fornecedor em São Paulo | 2023

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A atuação social e ambiental na cadeia da moda e como ela pode ser relacionar com o emprego formal.

Muita coisa mudou no pós-pandemia, inclusive as formas de consumo e a velocidade com a qual se consome. Se antes consumíamos muito e rápido, agora o consciente e o devagar fazem mais sentido. Essa nova perspectiva de comprar transformou não apenas a nossa relação com os produtos e serviços de moda, mas também com toda a cadeia produtiva. 

Com a alta demanda por itens com menor impacto ambiental e por processos transparentes, os consumidores estão cada vez mais exigentes e atentos às empresas e aos empreendedores que negligenciam demandas ambientais e sociais. Fica evidente, então, que se o perfil do consumidor mudou, o perfil dos profissionais por trás da cadeia de produção deve mudar também. 

Se reinventar enquanto profissional passa por inovar a indústria da moda, uma vez que a relação entre esses dois atores é indissociável. Repensar designs/funcionalidades e ciclo de vida de produtos, buscar por matérias-primas mais sustentáveis e oferecer salários dignos para as pessoas envolvidas são só algumas das mudanças que acompanham esta reinvenção do setor.

Tal transformação se reflete no mercado de trabalho, que começa a requerer habilidades técnicas dos profissionais que passarão a construir aquela marca com base nas dores dos consumidores: “Quando falamos de marcas e empresas líderes, que visam o futuro e que querem ganhar reputação no mercado reforçando seus valores, a busca por profissionais aptos a lidar com as demandas impostas por uma indústria da moda mais sustentável se acelerou”, pontuou um artigo publicado no Fashion For Future em 2022.

O termo Sustentabilidade faz parte das transformações organizacionais há muito tempo; acontece que agora este conceito não está mais atrelado somente às questões ambientais, mas ganhou novas perspectivas por meio da disseminação do ESG. Na mesma medida em que o assunto levou empresas a criarem outras estratégias para sustentação de seus negócios, ele também mostrou a importância de profissionais qualificados para atender às demandas de um novo perfil de consumidor e sociedade.

Uma pesquisa da consultoria britânica GlobalData, divulgada pela Exame (2022), mostrou que as posições para ESG aumentaram 98%, passando de 531 postos em maio de 2021 para 1.049 em maio de 2022. Contudo, esse crescimento de vagas não reflete necessariamente a qualificação dos profissionais que buscam por essa área: 

 

“Quando olhamos para o mercado, não temos ainda um número considerável de profissionais que tenham essa expertise, que estejam formados e tenham a escola em ESG. Para cursos e MBA, é um assunto relativamente novo”, indica Ana Borges, Gerente Executiva da Michael Page e Page Personnel, para matéria no Meio & Mensagem (2023).

 

Nesse sentido, a discussão em torno do ESG se desdobra transversalmente em outros ambientes, como no espaço acadêmico que, por sua vez, tem adaptado suas grades curriculares e cursos para fomentar o conhecimento acerca da temática.

Para além do repertório prático – que atua como força complementar ao conhecimento acadêmico -, a expectativa é que com a formação direcionada a esta agenda, esses profissionais sejam capazes de entender o negócio de suas organizações a partir de um olhar sistêmico que prioriza as “forças do mundo”, como apontado por Viviane Mansi, Diretora de Comunicação e Sustentabilidade da Toyota Brasil para a GZH (2022). 

Oportunidade para atuar contra essas forças é o que não falta no mercado de trabalho da moda, já que estamos falando de uma das indústrias que mais poluem no mundo e que tem profundas questões estruturais. O profissional que ambiciona traçar uma jornada no mercado formal, terá de estar preparado para os desafios impostos pela produção e exploração desenfreada da grande indústria, diferenciando-se.

Na cadeia têxtil existe um leque variado de possibilidades de atuação, indo de criação de novos produtos ao endereçamento adequado de resíduos têxteis. Esses dois exemplos e tudo que está no meio disso é moda, e, para quem está no início de carreira ou considera uma transição de área, vale explorar o máximo de alternativas possíveis. 

Em diferentes níveis de formação, muitas instituições têm oferecido conhecimentos teóricos e práticos em ESG, preparando as pessoas para o que chamam de futuro do mercado de trabalho. Em parceria com a Faculdade Santana Marcelina (FASM), o Instituto C&A, por exemplo, lançou neste ano a 2ª edição do Minha Criação de Moda Sustentável, iniciativa da plataforma Minha Carreira na Moda que capacita jovens negros e indígenas para enfrentar os obstáculos do segmento.

O curso livre possui metodologia FASM e oferece certificado para os 15 selecionados. Ao final, os estudantes terão a oportunidade de apresentar projetos autorais para especialistas em moda, sendo que 3 deles ainda poderão ter suas peças pilotadas e fotografadas pelo pilar social da C&A Brasil.

À medida que as mudanças sociais exigem novas práticas e condutas por parte das empresas, se capacitar é uma ótima forma de estar à frente do que o mercado espera. Com o consumidor no centro das decisões e demandando cada vez mais cenários de um consumo possível, a indústria têxtil nunca precisou tanto de profissionais capazes de transformar urgências em soluções funcionais.

Uma cadeia produtiva menos agressiva começa com questionamentos sobre sua própria forma de produção. Para isso acontecer, é fundamental que as pessoas que compõem esses espaços consigam elaborar os principais problemas e depois trabalhem com os atores sociais na mitigação e prevenção dos obstáculos enfrentados pelo setor.

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