Identidades: collab de moda afro e indígena é lançada pelo Instituto C&A em parceria com a C&A Brasil

Fotografia: Luciana Prezia | Evento de lançamento de Identidades, no Shopping Iguatemi, em São Paulo | 2022

Compartilhe este post

Em parceria com a C&A Brasil, o Instituto C&A lançou, no último dia 04 de outubro, Identidades, coleção de moda autoral que reúne marcas lideradas por estilistas negros e indígenas. A collab traz quem está repensando o “fazer moda” em um país tão plural: Dendezeiro, Isaac Silva Brand, KF Branding e Nalimo, marcas em ascensão no cenário, celebram as brasilidades neste projeto, afinal, #aModaÉtodaNossa.

Para compor a colaboração foram selecionadas, ainda, 4 marcas mentoradas pelo Afrolab Moda Bijus e Joias by Instituto C&A, parceria entre a PretaHub, a Feira Preta e a frente de Empreendedorismo do pilar social da C&A. Os designers foram escolhidos em um desafio entre as 12 marcas participantes e puderam, em um trabalho guiado e colaborativo, desenvolver peças relacionadas ao tema da coleção de cada um dos estilistas: Azulerde (Corpos), Tropicana (Carolina Maria de Jesus), Adajo Aworan (Sustentabilidade) e Ímpar Ateliê (mulheres originárias de Abya Yala).

Em coquetel aberto no Shopping Iguatemi, em São Paulo, o Instituto C&A comemorou o lançamento com as 8 marcas envolvidas, parceiros e convidados. 

“Fazer parte de um projeto que se resulta, acredito eu, na primeira coleção realizada entre uma grande marca junto de quatro estilistas negros e indígenas é incrível. E a sensação só fica melhor quando vemos designers de joias, que fazem parte da rede Feira Preta e que puderam participar de um processo anterior que foi o programa Afrolab realizado pela PretaHub em parceria com o Instituto C&A, compondo as coleções de grandes estilistas junto às suas criações que foram inspiradas nas histórias e nas referências ancestrais, visibilizando a potência da população negra na produção de joias no Brasil, com os ourives, as jóias crioulas e os balangandãs”, comenta Adriana Barbosa, fundadora da PretaHub.

null Adriana Barbosa, CEO da PretaHub, com Isa Silva, fundadora da marca Isaac Silva Brand.

Driblando os desafios do afroempreendedorismo no Brasil

Em pesquisa realizada pela PretaHub e pelo Instituto Locomotiva (Pequenas Empresas, Grandes Negócios, 2021), 85% dos respondentes autodeclarados negros indicaram interesse em empreender no Brasil, ainda que reconheçam o cenário desafiador. Dinheiro para aporte, conhecimento de ferramentas estratégicas e diferentes modelos de negócio, por exemplo, estão entre os principais obstáculos do afroempreendedorismo, além da jornada dobrada e solitária que muitos empreendedores atravessam ao desenvolverem, por necessidade, diversas funções dentro de uma empresa.

“Quando eu comecei a marca, achei que ia chegar até um certo momento. Quando ultrapassei essa barreira na collab articulada pelo Instituto C&A com a C&A, a PretaHub e a Dendezeiro, descobri que posso fazer o que eu quiser. Para mim, essa collab é sobre novas perspectivas de futuro. Como empreendedora negra, não tive muitas referências de outras pessoas como eu nesse mesmo lugar”, é assim que Karla Batista, idealizadora da Azulerde, descreve sua trajetória de 5 anos empreendendo com a marca de joias sustentáveis.

O depoimento da artista lança luz à necessidade de oportunizar espaços de visibilidade para empreendedores negros, sobretudo àqueles cujos negócios são iniciantes e traduzem suas identidades em suas criações. Neste sentido, o Instituto C&A assume o compromisso de capacitar e conectar pequenos empreendedores de moda ao mercado com o Programa de Empreendedorismo, por meio da cadeia de valor da C&A, a medida que estabelece, também, uma relação contínua e duradoura com esses negócios.

Identidades é um projeto inédito que utiliza da C&A como ferramenta para potencializar o trabalho de inclusão produtiva que o Instituto realiza. Ele foi pensado para atender dois grandes objetivos. O primeiro é a democratização do acesso a marcas autorais lideradas por por pessoas que contribuem para o desenvolvimento das comunidades em que estão inseridas – sejam pautadas por questões raciais, territoriais ou de culturas e crenças. O segundo é oferecer para elas a visibilidade e novas possibilidades, que é a essência do nosso trabalho”, comenta Gustavo Narciso, Diretor Executivo do Instituto C&A. 

Sob a realidade de uma população que, ao empreender, movimenta mais de R$360 bilhões por ano no Brasil, entre homens e mulheres, segundo a mesma pesquisa, torna-se ainda mais latente e fundamental o reconhecimento deste grupo enquanto uma potência econômica e de transformação social, especialmente porque grande parte desses empreendedores fortalecem e trabalham para sua própria comunidade: no que tange captação de talentos e até geração de renda.

Empreendedorismo | Identidades | Larissa Lopes
Larissa Lopes, fundadora da Tropicana, marca que se juntou à Isaac Silva Brand em Identidades.

Muito embora 51% dos 28 milhões de empreendedores no Brasil sejam negros e movimentem uma fatia relevante da economia no país (Pequenas Empresas, Grandes Negócios, 2021), a falta de representatividade no mercado da moda ainda é uma realidade e, por isso, iniciativas como a plataforma Identidades se mostram como um primeiro passo na construção de um novo futuro para esta população.

Do processo da capacitação à materialização da coleção

Em maio deste ano, o Instituto C&A anunciou seu 2º ano de parceria com a PretaHub para impulsionar negócios de pequenos afroempreendedores por meio do edital Afrolab Moda – Bijus e Joias. Desterritorializado, o projeto selecionou 12 marcas de todo o Brasil para um processo de desenvolvimento e capacitação que culminou no ‘Desafio C&A’, no qual  os empreendedores puderam apresentar uma coleção cápsula à banca avaliadora formada pelos estilistas da coleção, time do Instituto C&A e especialistas de moda e criação da C&A Brasil. Ao final, 4 marcas foram escolhidas para compor o primeiro lançamento. 

Empreendedorismo | Identidades | Day Molina e Dandara Sevilha

Day Molina, fundadora da Nalimo, com Dandara Sevilha, criadora da Ímpar Ateliê.

Na segunda etapa, as marcas Azulerde, Tropicana, Adajo Aworan e Ímpar Ateliê foram submetidas a uma imersão no tema de cada marca de vestuário para desenvolverem os produtos finais que passaram a compor a coleção, em um trabalho colaborativo com os estilistas que também contribuíram na criação das joias.

Além de terem seus produtos inseridos no marketplace da C&A, as marcas selecionadas, junto com as outras 8 que participaram da seleção do Afrolab Moda, participarão da Freira Preta, maior festival de fomento ao afroempreendedorismo da América Latina, nos dias 03 e 04 de dezembro, no Memorial da América Latina, em São Paulo.

Confira as peças da coleção aqui.

explore mais

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

);