No último mês, o Instituto C&A promoveu seu 1º Intercâmbio Cultural de 2023 no Quilombo de Ivaporunduva, no Vale do Ribeira, a 240 km da cidade de São Paulo. A imersão de 3 dias contou com a participação de um grupo de mais de 30 voluntários-destaques de Lojas e do Escritório Central da C&A Brasil, contemplando associados e associadas da região Norte, Nordeste e Sul.
Popularmente conhecida pelo ecoturismo, artesanato e sua vasta produção de bananas, a região fica localizada às margens do Rio Ribeira de Iguape e é composta por cerca de 110 famílias, cujas principais atividades econômicas provêm, justamente, do cultivo da banana. Lá, a comunidade olha para toda a cadeia produtiva e não desperdiça nada: o coração da banana vira caponata e a fibra extraída do tronco, que viraria resíduo vegetal, se transforma em artesanato.
Em um intercâmbio cultural, além de conhecer a fundo a comunidade e suas atividades, o voluntário tem a oportunidade de contribuir em ações desenvolvidas para as necessidades locais e regionais daquele grupo ou região. Promover a troca em rede e proporcionar à comunidade e o voluntário novas experiências são os principais impulsionadores de iniciativas como esta, que contribuem, ainda, para processos de geração de renda.
“Essas trocas são muito positivas não apenas para a comunidade que nos acolhe, como para nossos colaboradores, que se colocam à disposição para conhecer uma outra cultura dentro deste país tão grande e rico em que vivemos. É por meio desses momentos que conseguimos colocar em prática nosso principal objetivo, que é gerar impacto social positivo por meio da moda”, conta Gustavo Narciso, Diretor Executivo do Instituto C&A.
No Quilombo de Ivaporunduva, os voluntários puderam contribuir em quatro grupos de atuação, ficando à frente de oficinas sobre Beleza e Autoestima com as mulheres, Produto e Precificação com as artesãs e Empregabilidade e Comunicação com os jovens, além de revitalizarem os espaços da pousada e da escola local.
Se para o voluntário é uma experiência imersiva, para a comunidade que o recebe, por outro lado, é uma oportunidade de absorver conhecimento de especialistas para aplicar em suas rotinas sociais e de negócios. Neire Alves, conselheira da Associação Quilombo Ivaporunduva, fala sobre receber o grupo: “Desde o início, quando começamos a conversar com o Instituto C&A, estávamos na expectativa desse encontro porque é uma parceria boa que vem ao encontro das necessidades de nossa comunidade”, comentou.
O desenvolvimento das frentes de atuação foi co-criado com a comunidade, que participou ativamente das decisões e acompanhou de perto todas as atividades. Neste processo, especialmente quando trata-se de grupos historicamente marginalizados, é fundamental, anteriormente, haver uma etapa de escuta, para entender os principais desafios e anseios do grupo. A partir deste entendimento é possível traçar caminhos para desenvolver ações que atendam às necessidades locais, preparando os voluntários para estarem imersos em uma realidade que não as suas próprias.
“Para fazer esta imersão é necessário escutar. Foi assim que conduzimos a roda de conversa sobre Beleza e Autoestima e Empregabilidade. Estávamos abertos para conhecer as trajetórias das mulheres e jovens, a fim de entender suas demandas e respeitar suas realidades. Foi uma troca muito sensível, pessoal e íntima, que se desdobrou em uma conexão bonita e natural entre as pessoas presentes”, comenta Beatriz de Almeida, uma das responsáveis pelo Programa de Voluntariado do Instituto C&A.
Território e Voluntariado se conectam?
O Vale do Ribeira, além de possuir uma evidente riqueza cultural, é, ainda, uma importante área de preservação ambiental, com ampla diversidade de fauna e flora pertencentes à Mata Atlântica. A região abriga comunidades quilombolas e indígenas que há anos lutam por reconhecimento e espaços de pertencimento e expressão cultural.
O Intercâmbio do Instituto C&A é uma forma de ampliar a voz de grupos que lutam para afirmar seus direitos, contribuindo na desconstrução de imaginários e auxiliando na promoção de novas perspectivas. Nesta iniciativa, é possível aproveitar o potencial de disseminação de cada colaborador que passa pela experiência e que leva, dali, histórias contadas pelas pessoas que as vivem.
Desde que se conectou ao negócio no Brasil, o Instituto tem somado esforços para se aproximar de grupos que enfrentam desafios de acesso em diversas esferas, como o mercado de trabalho, por exemplo. Por isso, tratando-se de comunidades cujos territórios são importantes fatores de resistência e identidade, fica ainda mais evidente a importância de trazer visibilidade ao potencial criativo das pessoas pertencentes a essas regiões.
Pensar o planejamento de uma ação de Voluntariado Corporativo sob recorte de gênero, raça e/ou território é tão importante quanto incentivar e mobilizar os próprios colaboradores a doarem tempo em iniciativas coletivas, já que as instituições passam a endereçar desafios sociais urgentes.
O Instituto C&A, em suas frentes de Apoio Humanitário, Empreendedorismo, Empregabilidade e Voluntariado, tem atuado com grupos vulneráveis nos últimos anos, acionando e mobilizando sua rede parceira, a fim de ampliar o debate acerca da geração de renda, inclusão produtiva e novas oportunidades para essas populações.